terça-feira, abril 05, 2022

Gelo em queda

 …e como tens lábios feito imã, magnificados pela poesia doce-ácida-severa que vociferam, liberto meus mais rígidos e carnais métodos literários para dizer o quanto aprecio teus devaneios. Me ponho diante da intrigante vivacidade de tuas ideias como um espectador mais que excitado, não desejando menos que o deleite de sobrevoar com línguas e dentes o relevo orgânico de tua plaga, tentando perceber, nas “entrelinhas dos sonhos” mais aventurados, quantas vozes tivermos entre carnes e pautas em atrito, até que o sublime estado de ser bem lá de dentro se instale, donde não se usem mais os olhos para ler o que é, mesmo na mais absoluta e desejada cegueira, claramente visto: és tão incrivelmente atraente em tuas viagens e em tantos outros dos teus sentidos, que quero devorar-te literalmente tudo, como quem se apaixona por um bom livro.

sexta-feira, novembro 30, 2018

Deverei morrer em breve.

Contudo, acho que já deu. Mas eu podia jurar que seria eterno, eu ainda sinto eterno, eu ainda sinto tudo!

Seres amante

Quando deu tudo errado,
Chorei a água de uma melancia,
Escrevi um livro de poesia,
Depois dum banho d'água fria,
Fui direto para a folia.

Daí deu tudo certo.
Juntei panos com a guria,
Parei de beber sangria e,
Depois de muita alegria,
Voltamos nós a euforia.

O tempo foi passando,
Tantos sonhos se acabando.
Ela me fez sentir pequeno,
Ela me fez sumir sereno,
E nosso amor ficou ameno.

A loucura nos tomou conta
Muitas fraquezas de ponta a ponta
Ela e eu não mais nos vendo,
Tudo de novo se perdendo,
De novo peito doendo.

Um tratado no exílio
Outro no calabouço
Amor que não se planta junto
Só dá fruto sem caroço.

quarta-feira, maio 13, 2015

à esquerda

Hoje me sinto à esquerda do amor, não como um zero, imagino que como um 3 ou 4. Neste lugar percebo que acrescento pouco a tal grandeza. Mas como poderia ser maior o conteúdo diante do continente?

Não posso desistir.

Ainda encho essa "bacia" de tudo de amoroso que posso ser, sem sobrar nada para rancores, remorso, desprezo ou apatia, até que transborde e derrame pelo etéreo única e exclusivamente o bom, o bem que possa caber em mim.

Assim espero.

terça-feira, março 17, 2015

Dica do dia:
_ Se você é quem vai pagar a conta então não dê ouvidos pra opinião alheia. Arrependimento do que o outro fez com seu dinheiro é algo como agulha quente nos olhos.

sexta-feira, março 06, 2015

Almíscar

Não bastasse o clima carnavalesco, cheio de suas ofertas e procuras passageiras pairando no ar, me vem nas fuças, impregnado na saudade, o almíscar; daquele que não nos deixa nem mesmo lavar as mãos, nem mesmo lavar as roupas, nem mesmo lavar a alma.

quinta-feira, abril 17, 2014

Fator Notícia


Apesar de ainda conseguir alimentar esperança, flertando com algumas possibilidades que de tão remotas parecem até novidade, sempre há uma certa preguiça de sair da cama, por haver o risco frequente de que tudo que aconteceu ontem resolva acontecer novamente.

O problema é a memória.

quarta-feira, março 26, 2014

_A que horas você acordou?
_Mmmm... pouco antes do sol nascer.
_Nossa! E pra quê tão cedo?
_É que eu tive sede.
_Ora... por que você não bebeu água e voltou pra cama?
_É que a água do filtro havia acabado.
_Mas e a água da geladeira?
_Estava gelada e eu não gosto de beber água assim.
_Daí você simplesmente ficou acordado...
_Não, eu enchi o filtro e fiquei esperando a água passar.
_Aí você poderia ter voltado pra cama.
_Não consegui voltar pra cama, eu estava com muita sede e preferi esperar a padaria abrir.
_Ah! Lá você bebeu água?
_Sim, depois tomei café quente, comi pão quentinho e casulo feito na hora, saindo fumacinha.
_Então o que você queria era alguma coisa quente.
_Quase, eu só queria algo na temperatura natural que veio ao mundo.
_E depois?
_Depois eu fiquei na rua tomando o primeiro sol da manhã.
_Mmmmm... isso deve ser muito bom.
_É sim, pena que você não gosta de coisas assim.
_É, eu gosto mesmo é de escuro, sonolento e frio.
_É, isso deve ser bom também.
_Amanhã você podia me acorda cedinho?
_Não, amanhã é sábado e eu gostaria de dormir até mais tarde.
_E se te der sede?
_Bom, tomara que não tenha água no filtro, daí podemos sair para tomar sol juntinhos.

quinta-feira, janeiro 30, 2014

E como eu quero...

Como eu quero que você suma,
Como eu quero que não me alcance,
Como eu quero que como duna,
Como eu quero que como pluma,
No vento você descanse.

terça-feira, novembro 01, 2011

Meu atirador de facas

Pouco antes daquele sábado já estava meio perdida.

_ Pior que duvidar de algo sobre si é duvidar de algo sobre o outro. Essa é a matriz do terror, do medo.

O atirador de facas do meu circo não parece ser tão certeiro agora, não como fora, sorridente, nas apresentações anteriores.

_ Não vamos desistir do nosso número, ele é sublime, ergue a platéia com as mãos no rosto extasiada, gera lucros, vende pipoca, amendoim, nos eleva, nos une.

Naquele final de semana o espetáculo parece ter-lhe descolorido. Entrou sério no picadeiro, sem balançar as facas ou fazer malabares. Enquanto isso eu, a assistente dedicada, passava o aperto de percebê-lo com problemas de vista, problemas em me ver.

A quantos anos ponho meu peito girando diante daquelas facas aceleradas? No meu jogo de dardos eu sempre fui o centro, o cem, o mil nunca acertado. Agora me vejo um borrão, lá pelos vinte, pelos dez, pelos oito e... já fui ferida, tocada pela lâmina. Estaria ele praticando, inserindo mais sangue no número?

Não me importa que pequenos cortes me causem algum torpor, me preocupa perder do circo meu amado, meu atirador.

Pior que ser o alvo, agora percebo, é ser o alvo de um atirador estrábico.

quinta-feira, outubro 20, 2011

Estranho Desjejum

Não poderia ser, meus olhos duvidaram. Mas era. No ar um cheiro de café passando. De mãos dadas ainda, tão cedo, tão perto da minha casa, da minha porta. Só podia ser, eu acreditei com pesar. Tremi. Subitamente o vazio do meu estômago estava rente às cordas vocais, em forma de impulso verbal.
Quando então abri a boca para falar, ou quem sabe gritar... "Pa..." Eles viraram para atravessar a rua e, aliviando-me, não eram. Fora mesmo um golpe de vista, uma ilusão, como se o pesadelo tivesse chegado junto aos aromas matinais.
Acordar e sentir, como desjejum, algo como ciúme, mesmo que de uma ilusão, mexeu com aquele dia.

segunda-feira, outubro 17, 2011

Dica do dia:
_Ordem na vida, sem perder a medida.

segunda-feira, outubro 10, 2011

Estação do Amor Eterno

Nem tão florido ainda, mas anunciada a primavera do meu sentir, torno a ver os bons ventos elevando a folhagem colina acima.
Não como o ciclo das estações, o peito ainda apertado, desejo a eterna estação das mais vívidas cores. Como se parasse o tempo depois de tantos outonos decepcionados. Meu esforço não se vale mais contra os ponteiros, se vale contra os destemperos comuns do inverno em que estive a pouco e que esperançoso vejo esquentando, anunciando o clima do qual não devo mais sair. Agradeço pela serenidade da qual faço uso.
Viver plenamente agora é estar, o quanto puder, em um constante calor de verão, que eu sei que pode esfriar, mas acabar... nunca mais, trago meus novos cobertores.

sexta-feira, outubro 07, 2011

Peito

Aperta filho da puta, aperta... prova que você está aí. Estava com saudades de te sentir, mas não sabia que seria assim. Aperta filho da puta, aperta.

(agora isso aqui virou o meu diário)

sexta-feira, setembro 30, 2011

Uma coisa é certa, me expresso quando estou profundamente machucado, ou divinamente saudável. Mas para ser feliz eu topo até ser mudo.

Veneno


Tendo os pés imersos em veneno de repente é tomado em tramas. Experimenta. Um pulo, um mergulho. Em si o próprio morto. Morto em caos paz não se encontra, nem se pretende. Imerso em veneno não se afoga. Antes morto, intoxicado, a sufocado, de peito apertado. Antes de nada, antes que tudo...

Ele fala, nada escuta. Ele brada, tudo muta. Dor é assim, cura com tempo e tédio, ou cura com cicuta.


quinta-feira, setembro 22, 2011

_Eu omiti.

_Omitiu o quê?
_O fato de sentir ciúmes.
_E você tem?
_Tenho, um tanto que me incomoda.
_E você não expressa esses ciúmes?
_Não diretamente.
_Que tal então passar a fazê-lo, com parcimônia é claro?
_E como se faz isso?
_Apenas diga: "Estou com ciúmes", em claro e bom tom.
_Mas daí eu vou assumir meu incômodo.
_Assumir não meu caro, expressar.
_Ao questionar meu amor a prova de tudo constatei que de tudo ele é a prova!

sexta-feira, setembro 02, 2011

FANATISMO


Minh' alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver
Não és sequer a razão do meu viver
pois que tu és já toda minha vida
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história, tantas vezes lida!
"Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina, fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como um deus: princípio e fim!...
Eu já te falei de tudo, mas tudo isso é pouco,
diante do que sinto.


(Raimundo Fagner)

quinta-feira, agosto 25, 2011

Me Compra um dia?

_Um dia inteiro?
_Não, compre a mim, hoje mesmo.
_Hoje mesmo, não poderia ser o dia de amanhã?
_Não seu bobo, eu me vendo e você me compra, hoje.
_Por um dia?
_Por toda a vida.
_Hummm, não poderia ser só por um dia?
_Poxa, tah achando que eu sou prostituta?
_Não! É que eu não tenho tanto dinheiro.
_Então leva de graça, sem precisar de dinheiro.
_Pra toda a vida?
_Hummm, tá bom... Você vem morar comigo?
_Ah não, sua mãe é muito metódica. Vem você morar comigo.
_Na casa que você mora com seus pais?
_Poxa, isso não seria venda casada?
_Casada é o que vai ter que ser.

Desafeto. No colo da solidão. Não deveria estar assim tão só, não sendo quem é. Não há nenhuma obrigação. Afinal quantas seriam as possibilidades? Qual delas seria no lugar da solidão, daquela cadela, parceira infiel a todos os que se entregam solitários?
É dela o lugar que hoje ocupa essa vagabunda. Dela que reage a todas as tais vontades, bem ou mal, de acordo com a vontade, mas isso não importa agora.
A privação da presença chega aos sentidos repentinamente amarga e, também de repente, tudo que deveria ser paz e tranqüilidade se mostra turvo e inquieto. Virando na vida de cá pra lá e vice-e-versa, condicionado a um estranho querer vestido de não pode. Quer! Não deve. Quer! Um pouco? Um tanto? Quer!
Hoje, do sentir, tenho vias que nem em veias se tornam versos. Daí escrevo prosa e vou afastando-me de mim pra ver se enxergo como um todo. Não adianta. Faltam-me meus próprios olhos. Os teus que me destes um dia para que eu pudesse ver minha alma... Aquela que sem você há muito tempo não percebo.

quarta-feira, agosto 03, 2011

Dica do Dia

"A menos que você esteja num berço dourado o prazer vai ser aquilo que vão comprar na sua mão a preço de banana. Caso contrário você terá muitos fornecedores. Sendo assim arranje algum dinheiro ou torne-se imediatamente budista e livre-se dos desejos."

terça-feira, maio 03, 2011

Paula e Mateus

_ Nossa, olha que legal, adoro ver gente assim, maquiados e vestidos de palhaço.

_ É mesmo, eu também gosto, seria legal se mais pessoas se vestissem assim.

_ É, mas aí quem seria palhaço?

_ Eu ora!

segunda-feira, maio 02, 2011

EN NOIR


Erguidas imponentes diante dos olhos, hormônios tomando o cenário, cintadas vestes em frenesi rebolam enquanto emocionado canto acompanhando a ligeira batida; a que doma as massas em uníssono pisoteado.
Assim, trotando crepúsculo, entre brasas e tragos vão todas, pelo ritmo tocadas, as tantas idéias em foco, que sob a luz eminente do próximo instante, nutrindo as notas da falante corda, guiando tudo no passo prático da zabumba, vão ao encontro febril das mil artérias ali infladas.
Nos sentidos fabricados em modo fast food tropeços e processos livres de culpa. 
Daí, a metáfora da meia noite à meia lua, lá pelas duas, tudo contempla e da melhor forma estaria eu de cá sonhando ao som da toada de tantas almas abruptamente geminadas.

segunda-feira, março 14, 2011

à prova.

Questiono meu amor, que se diz à prova de tudo, só pra saber se de tudo meu amor será a prova.

domingo, fevereiro 13, 2011

Agatha e Igor

_ Você pinta flores?

_ Eu não gosto de pintar.

_ O que você faz?

_ Eu desenho.

_ Hummm... você desenha flores?

_ Não.

_ Por que?

_ Porque eu gosto mais de desenhar gente comum, mulher nua, máquinas, cartoon...

_ A ta, mas e se eu te encomendar uma pintura de flores?

_ Bem, a um bom preço... sim eu pinto.

_ Você nem mesmo gosta de pintar, mas por dinheiro você pinta?

_ Até flores.

_ Você então está se vendendo.

_ É, é isso mesmo. Estou cobrando pela minha capacidade de representar. Coisa que você não tem.

_ Eu posso ter. Não sou diferente de você.

_ É sim. Se você soubesse fazer não teríamos essa conversa.

_ Se eu soubesse eu nunca iria me prostituir.

_ Nesse mundo, meu anjo, ou você vende e come, ou não vende e é comido.

_ Essa condição não te deprime?

_ Deprime, mas eu prefiro me deprimir de barriga cheia. Você não?

quinta-feira, fevereiro 03, 2011

Tropeço

Tropeço

by Mateus Marques on Wednesday, February 2, 2011 at 10:54am

Enquanto os olhos tocavam as curvilíneas formas daquela beldade eu mal podia pensar que, justo naquele instante ímpar de extrema contemplação, haveria um top...

Um tropeço que acabou me atirando a cabeça no poste metálico logo a frente. Imprevistos arquitetônicos. De um lado uma construção divinal da natureza, o supra-sumo bio-dinâmico, do outro a massa fria e sólida do caminho tortuoso.

Na memória uma excitação, um "AI!" envergonhado, um supercílio sangrando e um sorriso...

Tudo isso misturado com o impacto fez do poste a beldade, do sorriso o caminho, da dor o olhar, de mim um trapalhão...

De consciência refeita, segundos depois do impacto, ela estava lá, ainda magnífica e ainda sorrindo.

Bem, ela riu. Já é um começo.

quarta-feira, agosto 18, 2010

Arquipélago Negro

Meus olhos ardiam. Ardia salgado o céu da minha boca, ouvi o som de um chucalho gigante, que parecia ir e vir. Eu estava deitado, sob um sol intenso, porém relaxante. Estranho conforto. Ao abrir os olhos percebi minha orelha e metade de minha cabeça enterrados em areia fria, também o resto do meu corpo estava ali incrustado. Senti também um frio nos pés e canelas, fora isso não sentia mais nada. Quando consegui, por alguns instantes, estabelecer o foco, avistei ao longe as mulheres rastejando atordoadas... Apaguei. ... Entrava na cabana de Oxánah, porém Oxánah não estava lá, lá estava Kiah, minha mãe por adoção, com os pés imersos em água salobra. _Quanto tempo Kiah? Quanto tempo ficarei lá? _Só o suficiente meu filho. _O suficiente minha mãe, para quê? _O suficiente para morrer. ... Cheiro de mato fresco, som de chuva caindo levemente, o barulho de prosas avulsas e passos no mato. Meus olhos ainda ardiam, porém me senti acordando na velha tribo após um medonho pesadelo. Quando tentei balbuciar algo minha voz parecia trêmula, tanto que meu pensamento se fez som, mas não se fez palavra. Uma negra se aproximou como um vulto embaçado, disse-me algo que não pude entender naquele momento e novamente apaguei. ... Três trilhas no meio do mato logo à frente, guardadas por três seres velhos. Um deles é meio afeminado... ou será mesmo uma mulher? _Se vós micê não afunda, quem sabe flutua? _Se vós micê não flutua, quem sabe afunda? _Se vós... Acorda Kuana! Acorda! Nós estamos vivos! ... Ao abrir os olhos lá estava Gadé descabelada, me acariciando a face em pranto exagerado.

domingo, junho 27, 2010

Antônio Aguilar

Perturbado me veio Antônio, um alter ego que estava mau humorado, dizendo que pretendia fazer uma viagem, para esquecer da vida.
Eu entendo Antônio. Ele é o responsável pelas partes chatas da rotina e se incomoda profundamente quando as condições de sua existência, como a atitude dos outros, se tornam meio mornas, ou frias, porque nestas horas ele tem muito trabalho.
Antônio, querendo ou não, é um libertino contido pela razão, não a sua própria, mas a que copia das normas formais impostas e bla bla bla bla.
Ele deseja sempre muito tempero nos seus pratos, adora conquistar, o faz com certa freqüência, mas se excita profundamente ao ser conquistado, ao ponto de ferver. Porém, como já disse, ele é contido pela razão, sua e dos outros. Isso serve para não cair em maléficos exageros.
Bem, Antônio tem passado apertado pelas mazelas da mesmice, na escassez de calores ele clama por uma ou outra apimentada.
Não definiria isso como uma aventura porque aventuras são momentos diferentes dos momentos corriqueiros. Quer dizer, eu sou assim o tempo todo, desejo o tempo todo. Então queria mesmo é um pouco de calor consistente, duradouro, daqueles que não se esgotam em invernadas. Não uma aventura, uma jornada _ Me disse Antônio antes de partir de vez, atrás de qualquer anseio.

sexta-feira, junho 25, 2010

Na estrada

A Jú deitada na curva da interrogação enquanto eu exclamo um dedão suspenso, pedindo carona para um ponto final. Já fazem algumas horas que espero a boa vontade de qualquer afirmação passante. Ali estamos por via das dúvidas. Meu polegar, seu sonho, nossa estrada.



(valeu Jú. este devaneio veio por você)

quinta-feira, junho 24, 2010

_Essa não é a aquela mina?

_Ô meu, é. Ela é linda demais.
_Linda? Quem?
_A Nathália ora!
_Hummm, sei lá. Eu acho ela meio magrela, meio das pernas tortas.
_Oh! Que isso? Esse é o charme dela.
_As pernas tortas?
_Ela não tem as pernas tortas!!
_Não né! Eu entendo o que você está sentindo.
_Eu estou vendo a verdade... ela é chick mesmo.
_Cara ela pode até ser legal, mas chick, chik mesmo, é a Luiza.
_Ana Luiza? A baixinha?
_Ela não é baixinha.
_Não, ela joga basquete na seleção...
_Nem tanto. Ela é lindinha demais, olha só os peitinhos...
_Affe, peitinhos, são enormes cara... são 30% da massa corporal da menina.
_Ô... é disso que estou falando, que peitinhos...
_Tah certo, ela combina com esse seu narigão.
_Ah tah e a Nathália com essas suas orelhonas!
_Eu não tenho as orelhas grandes não...
_Não, elas são enormes...
_Ah cara, que isso? Estavamos falando de mulher... que treta é essa agora?
_Não não... eu estava falando de mulher... você eu não sei...
_Vá se foder!

terça-feira, abril 27, 2010

TV Casa Japa

Um dia tive que fugir do Brasil,
Mandei o Estado a puta que o pariu,
E acabei sendo exilado.

Um mês depois me desovei no Japão.
Quando, sentado, a televisão
E descobri, subitamente, que não entendia nada.

A TV me pareceu diferente,
Apenas luzes se movendo pra frente,
Então pensei: é o paraíso...

Uma leveza me levou da poltrona,
E bem me lembro que naquela semana,
Conheci o monte Fuji.

Tomei saquê com uma nippomaníaca
Conheci uma gueisha austríaca
Um bar man
Um professor
Um padre
Um bom senhor
Uma Jurista
Um ator
E uma senhora educada.

Fui ao museu da tecnologia,
Assisti um espetáculo da coxia,
Estava mesmo aprendendo.

Na biblioteca eu me filosofava,
E no buteco a gente bem se falava
Sobre as idéias de Confúcio.

Passados dois anos naquela novidade,
Não conhecia ainda nem a metade
Daquela cultura intrigante.

Não demorou para eu falar japonês,
Casei com a filha de um chato burguês,
Engravidar filha alheia é uma merda em qualquer lugar.

Cheguei então cansado do trabalho,
Fiz hora extra no meu aniversário,
E minha poltrona é minha amiga.

Então me volto diante da televisão,
Tinha esquecido que estava no Japão,
E quando ligo está passanduuuuuu...

...uuuuuuuuuuuuu Domingão...

...numa outr'aversão...

...uuuuuuuuuuuuuuuu...

terça-feira, março 30, 2010

Aldo e Deisy

_Acorda!... Acorda! Aldo, acorda!
_Ã... que foi meu bem...
_Estou ouvindo uns barulhos estranhos no jardim da frente.
_Deve... aaaaaaaaaa... ser aquele cachorro de novo fussando meu jardim de tulipas... já é a terceira vez.
_E se for um ladrão?
_Será? Um ladrão que rouba flores?
_~Derl~ não tem graça... Já tem um tempo que não ouço nada, ele pode estar na cozinha.
_Não pode ser, justo hoje. Tem certeza que você não estava sonhando?
_Tenho... bem, não sei... vai lá ver meu bem.
_A não... que saco... são três da manhã, deixa o gatuno se dar bem pelo menos dessa vez.
_Nada disso, a prataria está toda a vista, minha vó me deu aquilo tudo. Se você não for eu vou.
_Tá OK! Eu vôooooooooooooooooooaaaaaaa... lá olhar.

...

_E então?
_Você estava sonhando.
_Pois é, quando você desceu eu me lembrei que realmente estava sonhando com cães em um velório barulhento cheio de ladrões.
_Eu sabia, só você mesmo pra sonhar com um velório decorado com tulipas.
_Desculpa meu bem... ei... Onde você vai?
_Vou abrir a janela, perdi o sono e vou ler um pouco pra retomar...
_Por que você não retoma e me toma aqui mesmo na cama hein, eu posso ajudar... ou não...
_Boa idéia, mas vou abrir a janela assim mes... Opá!!! Olha lá! É o cachorro desgraçado fussando minhas tuli... filho de uma égua... ou cadela!
_A não, deixa o cachorro pra lá, tá escuro, são só plantas, você disse que viria para a cama e...
_E você disse que estávamos sendo roubados! Levanta Deisy... eu acho que são vários, anda...

...

_Não tem nenhum cachorro aqui.
_Eles devem ter fugido quando abrimos a porta... Peraí... aquilo correndo não é um...
_Coelho!
_Só me faltava essa, coelhos no meu jardim é demais, eu preferia os ladrões!
_Bem, fazer o quê?
_Pragas!!!
_Feliz Páscoa meu bem, vou voltar para a cama.

...

_Isso... isso... assim... agora... a...

...

_Ah! Meu bem... Wou... ufffa... demais... você poderia perder um jardim por noite.
_Não sei não... eu estava pensando... será que coelhos comem tulipas e cachorros comem coelhos?

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Livre

_Soltei aquele passarinho que meu tio deixou.
_Haha. Ontém?
_É, eram umas oito da noite quando o fiz.
_Era que passarinho mesmo?
_Um canário belga. Tadinho né, passou a vida inteira na gaiola cantando.
_É?
_É, meu tio comprou ele ainda filhote no mercado central.
_Vish, então eu acho que você não fez muito bem.
_Por que? Você acha que eu deveria mantê-lo preso?
_Não. Acho que você deveria tê-lo matado, sem dor é claro.
_Credo, preferi deixá-lo livre.
_Sei, na mata, tocando em bar e ganhando a vida.
_Ah! Ele pode voar né.
_E você viu ele voando?
_Não, soltei ele num arbusto e fui embora.
_Legal, se você não salvou o passarinho ao menos matou a fome de um gato.
_Será... Ah! Eu gosto de gatos.

quarta-feira, outubro 07, 2009

Planos...

eu naum os tenho claros na ideia, juntos existem uns mil embaçados... nesse aspecto a vida me parece sempre como um porre que nunca acaba, turva e cambaleante.

Jaime Pascoal

Contou-me ontém que foi invadido por uma imensa onda de paixão incontrolável. Algo do tipo que move a lua no céu, cardumes policromáticos no mar, pássaros fugidios no inverno.

_Amigo, confesso, estou abalado...

Melando palavras, de mel a meu, cantava alegremente sua rendição incondicional ao fluxo daquele novo sentir. Descrevia seu prazer docemente apimentado com um sorriso embasbacado feito sexta-feira à noite.
Contou-me alucinado que jamais havia visto antes, mas bem como contara da outra vez.
Feliz Jaime Pascoal, vivendo cada paixão como a primeira e rezando nunca viver a última.

quarta-feira, maio 27, 2009

Dica do dia:

"_ Só para quando o bicho ajoelhar na entrada."

quinta-feira, abril 23, 2009

mmmmmm...

Afinados toques em meio às costas e uma multidão de pêlos se levanta prontamente enquanto drenam-se por poros calores excessivos.

Travelings tomam a paisagem epidérmica adiantada morro acima, a frente das línguas que traçam roteiros deliciantes nas mais íntimas viagens.

Toca com a boca as cordas mais agudas de um pescoço, fricciona unhas afiadas em carne úmida e grita panos adentro extremado êxtase.

sexta-feira, abril 17, 2009

Ai!!!

Aí! Saudade ainda me mata,
Mata-me de pressa...
Correr o tempo de espera
entre separado e encontro.
Sentido ao que faz falta.
Falta muito, falta pouco,
E eu já estou ficando rouco
de cantar a paciência,
essa só que me assola,
sofro até chegar a hora
de acabar minha clemência.

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Natureza

A expressão Natureza (do latim: natura, naturam, naturea ou naturae) aplica-se a tudo aquilo que tem como característica fundamental o facto de ser natural: ou seja, envolve todo o ambiente existente que não teve intervenção antrópica.

Dessa noção da palavra, surge seu significado mais amplo: a Natureza corresponde ao mundo material e, em extensão, ao Universo físico: toda sua matéria e energia, inseridas em um processo dinâmico que lhes é próprio e cujo funcionamento segue regras próprias (estudadas pelas ciências naturais).

Fonte on-line. “Wikipédia, a enciclopédia livre.” – 06/02/2009 - http://pt.wikipedia.org/wiki/Natureza)

A definição acima aponta como natural o que não é “tocado” pelo homem, mas o homem em si é fruto de uma dinâmica natural, criado com a capacidade não só de alterá-la como até, acreditam muitos, desfazê-la sendo dela substrato.

Daí surge uma questão interessante, a natureza age mesmo harmonicamente (cabe aqui também uma definição de harmonia) ou o conflito (outra definição) é seu parâmetro motor?

Sendo substrato natural, o homem e sua capacidade de interpretação e manipulação de recursos, lógicos e materiais, coloca-se por estas vias em terceira pessoa; enxerga na natureza seus próprios arbítrios e a chama hora de harmônica, como uma conta que resulta em 4, hora de conflituosa, como sua própria mente constantemente caótica que resume tudo em contas. Paradoxo.

Pretensão humana definir algo como se dela não fosse fruto, aqui opino.

Evoluir, rastejar, ter penas, dentes, amamentar ao vôo, ter voz, e por fim raciocínio é seguir qual caminho? O da harmonia, ou do conflito?

A natureza faz seu trabalho a caminho da superação ou extinção?

Um ser Chamado Aflito

Ele acreditava mesmo nas pessoas, era seu dom mais intrigante, o positivismo com o qual tecia seus relacionamentos. Apaixonava-se diariamente pelos amigos de maneira cega e assim se dedicava ao máximo. Jogou tão limpo que brilhava alvo. Não media palavras de conforto. Não negava, era aberto, barato, um poço de compreensão.

Como todo excesso é prejudicial, esse não seria diferente. De tão bom bobo, de tão bobo usado, de tão usado exausto, de tão exausto triste e de tão triste inconsolável.

Pobre coitado.



...

sábado, janeiro 17, 2009

Dica do dia:

_Guarde a máscara depois do espetáculo.

quinta-feira, janeiro 15, 2009

Não Esqueço Mais

Eu descobri que posso encontrar coisas esquecidas dentro de mim mesmo, coisas que são deveras importantes e se esconderam por algum tempo. Porém lembra-las é a prova cabal de que, por ser humano, eu posso perdê-las.

Só se encontra algo que se havia perdido.

Não querendo mais sofrer tais perdas temporárias, tomei uma decisão:
Amarrei no meu dedo polegar, esse que eu uso o tempo todo para agarrar coisas, uma fita vermelha. Assim ela me lembra de não esquecer a importância que estas lembranças têm para mim.

Daí fiz uma promessa: Nunca esquecer de conferir a presença da fita.

Para cumprir a promessa, que também corre o risco de se perder no esquecimento pelos mesmos motivos, amarrei no meu indicador, esse que eu uso para apontar coisas, outra fita, porém azul.

Novamente fiz uma promessa: Nunca esquecer de conferir a presença da fita.

No entanto, para não me esquecer de cumprir essa promessa...

...e assim foram-se os dedos.

quarta-feira, dezembro 10, 2008

Paulo e Marta

_Alô, Paulo?
_Sim, Marta?
_Sou eu.
_Há quanto tempo você não me liga moça. To com saudade.
_Bastante não é? Eu também to com saudade.
_É, e como andam as coisas aí?
_Com a lida ta tudo bem, to um tanto atarefada, meio que de stress...
_Ã...
_...meu problema tem sido você.
_Que isso Marta? Não nos vemos a semanas. O que eu poderia ter feito?
_É isso mesmo... é que não passo um único dia, minuto, sem pensar em nós e da última vez que estivemos juntos, foi tão mágico pra mim quanto da primeira vez e eu não suporto mais minha hipocrisia e... to com medo e... poxa, to sem lugar no mundo e...
_Hei! Hei! Calma mulher...
_Me perdoa meu bem... eu tenho mais de você em mim do que posso suportar agora... eu te quero muito... não se vire pra mim...
_Opa! Você ta me assustando Marta. Ta até se parecendo comigo, tempos atrás.
_Não é fácil admitir, eu não me arrependo de ter partido, eu também tinha problemas, mas não houve um único dia em que seu nome não fora tocado, nem uma oração em que você não tenha sido agraciado, eu vejo você em lembranças do dia a dia, nos filmes que vimos juntos, nos pratos, nas músicas... eu to precisando muito de você... da sua pele, voz...
_Marta, não me diga isso. Você partiu convicta de algo, o que mudou agora?
_Não é brincadeira Paulo, você sabe muito bem que eu me rendo a você sem pensar, desde sempre, e você fez uso disso quando lhe foi conveniente... Me escuta, eu te peço perdão e admito... eu te amo, mais que tudo e queria ter você agora mesmo aqui comigo...
_Uow! Nem sei o que dizer... eu... preciso digerir isso... eu... bem... eu tenho que ir e não posso falar agora.
_Não Paulo, não faz isso... olha eu sou melhor agora... não, eu sou a mesma... a meus Deus, eu sou nada sem você.
_Ow! Eu realmente preciso pensar... eu to ocupado e encabulado agora é... agente se fala.
_Paulo não... espé...

domingo, dezembro 07, 2008

Lembranças

Guardei hoje minhas más lembranças, causadoras dos meus traumas, num lugar seguro chamado Cautela, as boas, as que me deram prazer, guardei com carinho num lugar chamado Paixões.

segunda-feira, novembro 24, 2008

Anti-Musa

A muito não és tu o que inspira
Não toma mais anseios um minuto
Verdades reveladas em mentiras
A ti não prestam mais nenhum tributo.


...

sábado, novembro 15, 2008

Dor, muita dor!

Meu inferno às vezes são dores que me acordam com a luz do sol das quatorze horas de um sábado ocioso. Eu não babei em meu travesseiro porque estive toda a manhã dormindo com a boca seca... Não me destruí por completo percebo, porém, mais uma dose mudaria isso.

Ressaca!!!

Daí me toca o telefone e foda-se... minha cabeça dói e até minha cama anda doendo.

Chega então uma mensagem e, de repente, nem tão foda-se. Eu fugi da cama quente e quase tomei um tombo, falhou meu pé esquerdo.

Perfeito! Agora pra me consolar eu tenho dores no pé, cabeça e peito.

Eu não vou fugir do meu dia, apesar dele parecer um lixo até agora. Posso me tratar com esta embalagem na minha mão, escrita em russo. Mas como o mensageiro me deu olhos embaçados eu não consigo ler as letras miúdas da bula e devo me auto medicar às cegas.

Filha da Puta... que fossa... que dor no pé... que dor no peito!

quarta-feira, outubro 29, 2008

Dica do dia:

"_Oh! Voltei pra te falar o seguinte, mexer com mulher dos ôtro é caixão! Tah ligado?"

terça-feira, outubro 14, 2008

Política Honesta

A honestidade é o motor da boa convivência, a valia da verdade. Aquele que age dentro dos princípios desta sempre terá consigo o desejo e capacidade de enxergar o que realmente importa, não para si, mas para todos. Afinal a honestidade do homem solitário só tem uso no que tange o individual. Já ao homem público esta também se aplica ao coletivo, comunitário, em prol do progresso e bem estar social de sua comunidade.

Apenas o homem agraciado por Deus com este dom, a honestidade, é capaz de tornar-se o líder ideal. Saber quem é o afortunado detentor de tal dom depende mesmo de conhecer e vislumbrar, honestamente, seus atos, comportamentos e costumes, bem como seus ideais, opiniões e propostas.

domingo, outubro 05, 2008

Vá se folder-se!

Na pequena fila que enfrentei hoje pela manhã uma senhora me veio com um folder na mão, desses folderes de igreja teorizando conspirações. Dessa vez "O Código Da Vinci".

Oh Shit! Peguei o papelzinho por automatismo e pensei: Tô ferrado. Isso vai andar pela minha casa durante semanas antes de ir para o lixo. Não sei por quê então, talvez por causa da fila, abri o treco e fiz a leitura sugerida. Desejei ser analfabeto!

"O Código Da Vinci, fato ou Ficção?". Oakay suas antas, é ficção. Acreditar nisso, ou não, não é um exercício de fé. É só mais um livro escrito pelo homem que pelo visto amedronta a esse ponto, o de haver um folder "explicativo", as verdades do livro sagrado, escrito por Deus.

Creio em Deus sim, mas não vejo muita diferença entre as serifas da Bíblia, as de Dan Brown e as desse blog. Qualquer um poderia chamá-los ficção, e quero ver quem me prova que não.

Talvez o Dan Brown deveria publicar um folder do mesmo calão bradando o contrário. Mas ainda assim seria só mais um papel chato se metendo no meu bolso contando uma possível estória.




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