quarta-feira, dezembro 10, 2008

Paulo e Marta

_Alô, Paulo?
_Sim, Marta?
_Sou eu.
_Há quanto tempo você não me liga moça. To com saudade.
_Bastante não é? Eu também to com saudade.
_É, e como andam as coisas aí?
_Com a lida ta tudo bem, to um tanto atarefada, meio que de stress...
_Ã...
_...meu problema tem sido você.
_Que isso Marta? Não nos vemos a semanas. O que eu poderia ter feito?
_É isso mesmo... é que não passo um único dia, minuto, sem pensar em nós e da última vez que estivemos juntos, foi tão mágico pra mim quanto da primeira vez e eu não suporto mais minha hipocrisia e... to com medo e... poxa, to sem lugar no mundo e...
_Hei! Hei! Calma mulher...
_Me perdoa meu bem... eu tenho mais de você em mim do que posso suportar agora... eu te quero muito... não se vire pra mim...
_Opa! Você ta me assustando Marta. Ta até se parecendo comigo, tempos atrás.
_Não é fácil admitir, eu não me arrependo de ter partido, eu também tinha problemas, mas não houve um único dia em que seu nome não fora tocado, nem uma oração em que você não tenha sido agraciado, eu vejo você em lembranças do dia a dia, nos filmes que vimos juntos, nos pratos, nas músicas... eu to precisando muito de você... da sua pele, voz...
_Marta, não me diga isso. Você partiu convicta de algo, o que mudou agora?
_Não é brincadeira Paulo, você sabe muito bem que eu me rendo a você sem pensar, desde sempre, e você fez uso disso quando lhe foi conveniente... Me escuta, eu te peço perdão e admito... eu te amo, mais que tudo e queria ter você agora mesmo aqui comigo...
_Uow! Nem sei o que dizer... eu... preciso digerir isso... eu... bem... eu tenho que ir e não posso falar agora.
_Não Paulo, não faz isso... olha eu sou melhor agora... não, eu sou a mesma... a meus Deus, eu sou nada sem você.
_Ow! Eu realmente preciso pensar... eu to ocupado e encabulado agora é... agente se fala.
_Paulo não... espé...

domingo, dezembro 07, 2008

Lembranças

Guardei hoje minhas más lembranças, causadoras dos meus traumas, num lugar seguro chamado Cautela, as boas, as que me deram prazer, guardei com carinho num lugar chamado Paixões.

segunda-feira, novembro 24, 2008

Anti-Musa

A muito não és tu o que inspira
Não toma mais anseios um minuto
Verdades reveladas em mentiras
A ti não prestam mais nenhum tributo.


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sábado, novembro 15, 2008

Dor, muita dor!

Meu inferno às vezes são dores que me acordam com a luz do sol das quatorze horas de um sábado ocioso. Eu não babei em meu travesseiro porque estive toda a manhã dormindo com a boca seca... Não me destruí por completo percebo, porém, mais uma dose mudaria isso.

Ressaca!!!

Daí me toca o telefone e foda-se... minha cabeça dói e até minha cama anda doendo.

Chega então uma mensagem e, de repente, nem tão foda-se. Eu fugi da cama quente e quase tomei um tombo, falhou meu pé esquerdo.

Perfeito! Agora pra me consolar eu tenho dores no pé, cabeça e peito.

Eu não vou fugir do meu dia, apesar dele parecer um lixo até agora. Posso me tratar com esta embalagem na minha mão, escrita em russo. Mas como o mensageiro me deu olhos embaçados eu não consigo ler as letras miúdas da bula e devo me auto medicar às cegas.

Filha da Puta... que fossa... que dor no pé... que dor no peito!

quarta-feira, outubro 29, 2008

Dica do dia:

"_Oh! Voltei pra te falar o seguinte, mexer com mulher dos ôtro é caixão! Tah ligado?"

terça-feira, outubro 14, 2008

Política Honesta

A honestidade é o motor da boa convivência, a valia da verdade. Aquele que age dentro dos princípios desta sempre terá consigo o desejo e capacidade de enxergar o que realmente importa, não para si, mas para todos. Afinal a honestidade do homem solitário só tem uso no que tange o individual. Já ao homem público esta também se aplica ao coletivo, comunitário, em prol do progresso e bem estar social de sua comunidade.

Apenas o homem agraciado por Deus com este dom, a honestidade, é capaz de tornar-se o líder ideal. Saber quem é o afortunado detentor de tal dom depende mesmo de conhecer e vislumbrar, honestamente, seus atos, comportamentos e costumes, bem como seus ideais, opiniões e propostas.

domingo, outubro 05, 2008

Vá se folder-se!

Na pequena fila que enfrentei hoje pela manhã uma senhora me veio com um folder na mão, desses folderes de igreja teorizando conspirações. Dessa vez "O Código Da Vinci".

Oh Shit! Peguei o papelzinho por automatismo e pensei: Tô ferrado. Isso vai andar pela minha casa durante semanas antes de ir para o lixo. Não sei por quê então, talvez por causa da fila, abri o treco e fiz a leitura sugerida. Desejei ser analfabeto!

"O Código Da Vinci, fato ou Ficção?". Oakay suas antas, é ficção. Acreditar nisso, ou não, não é um exercício de fé. É só mais um livro escrito pelo homem que pelo visto amedronta a esse ponto, o de haver um folder "explicativo", as verdades do livro sagrado, escrito por Deus.

Creio em Deus sim, mas não vejo muita diferença entre as serifas da Bíblia, as de Dan Brown e as desse blog. Qualquer um poderia chamá-los ficção, e quero ver quem me prova que não.

Talvez o Dan Brown deveria publicar um folder do mesmo calão bradando o contrário. Mas ainda assim seria só mais um papel chato se metendo no meu bolso contando uma possível estória.




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5 de Outrubro

Hoje de manhã eu quis tomar um suco de sistema. Como eu não tinha bolachas achei melhor justificar meu não-voto, fumar um baseado e ver um filme desses melosos.


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terça-feira, setembro 30, 2008

Palavra Imágica

!TUGALABIDUGALABIDUBALAGIBAU!


{Palavra imágica capaz de realizar todos os desejos que você não tem, apenas se dita três vezes seguidas em noites de um dia qualquer}


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sexta-feira, setembro 26, 2008

Dica do dia:

"_ O negócio é o seguinte, murcha não.... tem que ser "olho" no olho."


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domingo, setembro 21, 2008

- Marcos, vai dormir!

- Eu não quero mais dormir.
- Ora! E agora essa, por quê?
- Eu tô com medo.
- Medo de quê?
- De morrer dormindo.
- Hahahaha... você morre enquanto está acordado também, você não tem medo?
- Opá! É mesmo... mas acordado eu só tenho medo de morrer se for dormindo.
- Então... vá dormir!


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sexta-feira, setembro 19, 2008

Ontem

A ponta do nariz tocara o lábio superior segundos antes de um beijo, o primeiro. Bastava mesmo ela me olhar nos olhos e prostrar seu hálito perto da minha fussa! De tão perto me parecia cerâmica fina. Como um chá quente de flores do campo, adoçado com mel das abelhas mais caprichosas, seus lábios tornaram rubras as melodias pulsantes em todas as veias.


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Flor Do Destino

Te amei assim como água de chuva
Que vai penetrando pra dentro do mundo
Te bebi assim como poço de rua
Que eu olhava dentro mas não via o fundo

Tu me deste um sonho
Eu te trouxe um gosto de tucumã
Tu me deste um beijo
E a gente se amou até de manhã

Veio o sol batendo
E nos despertou
Da gente virando terra, mato,
Galho e flor

Água de riacho é clara e limpinha
Mas às vezes turva com a chuva violenta
Teu amor é um papagaio que xina
Dentro do silêncio da tarde cinzenta
E o amor é um rio
Profundo rio
De muitos sinais
Onde os barcos passam
Conforme o vento deseja e faz
Ai que ainda me lembro
Disso que ficou
Da gente virando terra, mato,
Galho e flor.


(Nilson Chaves)




Nilson Chaves, paraense, poeta e compositor. Este artista de notória habilidade com as palavras traz ao arcenal de motivos da música popular brasileira os mais variados timbres da amazônia em composições rechedas de muito regionalismo e paixão.

sexta-feira, agosto 22, 2008

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Sentimentos são como máquinas, automóveis embalados em venosas vias.

sexta-feira, abril 04, 2008

Orquestra

Toquei sozinho. A que tem altos e baixos essa noite perdeu os autos. Apresentou-se mecânica nota por nota. Picos e vales claros em cada passo, mas como um relógio insistente, cuja corda se acaba num turbilhão de aplausos. Não me incomodava estar ali feito uma máquina de divertir. Incomodava-me tocar sozinho. Junto à orquestra tinha ao menos o uníssono poder do grupo. Minha mãe me dissera uma vez: O valor de uma orquestra está no conjunto. Há muito abandonei a orquestra, ainda quando estava junto dela, e os meus solos de violino agora são feito engrenagens eficientes, sem alma. Ganho com isso os aplausos e perco o tempero.
Desci as escadas em direção ao camarim, colado na porta um bilhete que recolhi prontamente e entrei. Sentado diante do espelho li.
Querido, estou na cidade, mas não pude comparecer. Volto pela manhã. Obrigado pelas entradas, dei à Luci que levou este bilhete. Ligue-me amanhã, estarei em casa.
Eu já sabia. Ainda previsível. Bem como minhas notas.
No estacionamento, encostado no carro o velho maestro.
_Soube do seu solo e resolvi aparecer, rapaz o que lhe falta é uma orquestra.

Hoje acordei um pouco decepcionado, talvez arrependido.

quarta-feira, março 19, 2008

Infanto

Anda tateando o mundo e mordendo os lábios, olhando para os lados de olhos bem abertos. Documenta a vibração das coisas. Madeira, metal, parede, isopor, plástico, palha, pedra, galho, pão, pó, pino, papel... Curioso, aprecia da vida muitos sabores. Olha cara a cara. Malha. Ri. Não se cega. Não sossega. Se entrega.

terça-feira, março 11, 2008

Rubra

Idéias presas em rubros de bandeira,
De tanto vistas, ao solo, desfalecem,
Desbotadas dos textos se esquecem,
Quase sempre perdendo a estribeira.

O vermelho que tingira o pano branco,
Simbolismo do desejo por seu canto,
De Paz sonhada findou-se então em pranto.

domingo, março 09, 2008

Sem Moléstias

Para ele era feito uma sessão de psicanálise, mas não havia moléstia. Não sofria de mal algum, mas se medicava constantemente em prostíbulos onde faziam cegamente suas vontades. O preço paga o serviço. Tinha trinta e poucos anos e um bom emprego. Quando era alguém que desejava ser era ele mesmo. Hora herói, hora bandido, horas a fio. O que esperar de alguém sem moléstias? Amava unicamente a própria vida e não se arrependeu de nada, nunca. Via a morte como o fim fatídico a tudo que se acredita, o mero fim do tiquetaquear regressivo da existência individual. Não tomou nota de seus momentos, guardou consigo, convicto de que morreriam as lembranças antes dele. Quem ouviu suas palavras o ouviu em vida. Nada de livros. Ele nada tinha a declarar, pois jamais algo o incomodou a ponto de se sentir reprimido. Tinha trabalho e era o melhor, tinha família e era a melhor. Tinha quarenta e cinco e praticava esportes aquáticos. Não mais freqüentava os prostíbulos, tinha fé na família. Morreu então em silêncio aos 85 anos, destituído da memória antes do fôlego, por causas obviamente naturais, bem como planejava. Mas afinal, o que esperar de um homem sem moléstias?

terça-feira, fevereiro 26, 2008

Ei, porquê não fala sobre você?

_Não entendo isso.
_Isso o quê?
_Sua mania de escrever devaneios literários num diário.
_E o que tem de mais?
_Um diário é feito para contar os dias.
_Para isso eu já tenho um calendário, tem até um impresso nas primeiras páginas do meu não-diário.
_Não é contar de contar que eu tô falando, é tipo de contar uma história. História com "h". A sua história dia-a-dia.
_Para quê? Quem se interessaria pela minha história? Não faço nada que seja assim... tão admirável.
_É, pensando assim você tem razão. Mas acredito que se as pessoas tivessem esse hábito facilitariam o trabalho dos historiadores.
_Que que eu tenho a ver com os historiadores?
_Nada por enquanto. Mas digamos que alguém pegue o seu... como é mesmo?
_Não-diário?
_É, isso aí, seu não-diário. Ele não dirá nada sobre você.
_Mas poderia dizer muito sobre o que andei pensando vida afora.
_Pensando, han.
_Se vivi, ou vivenciei, absorvi algo. Tendo esse algo em mim me restam três opções, eu acho.
_Hum?
_Eu posso me calar.
_Dois...
_Posso vomitar.
_Três.
_Ou posso digerir!
_E qual você está fazendo agora?
_Digerindo ora!
_Escrevendo essas viagens?
_É.
_Por isso é que sai tudo uma merda. hehehehehehe...
_Viu... Taí você vomitando. Porque não vai contar o dia ao seu diário? Quem sabe um historiador gosta da sua história e escreva um mestrado com ela.
_Tá me cassoando neh?!
_Não não...
_Prefiro falar sobre mim mesmo que dos sentidos e viagens e tal... é chato!
_Agora podia ter se calado. Sei o quanto seu umbigo é importante, cuidado para não engasgá-lo enquanto come seu ego!
_O quê? Enquanto eu como... como assim meu ego?
_Ego é tudo que você vomita no seu diário!
_Me vale o vômito. Bem como a quem se cala.
_Me vale a digestão.
_E valores não se discutem.
_Então tá.

domingo, janeiro 20, 2008

Prova de Amor

_Você jamais me deu uma prova do seu amor.
_É mesmo, nunca nem pensei nisso. Liga o PC pra mim por favor.
_Seu grosso, tô falando sério.
_Tá? Eu também estou. O estabilizador primeiro.
_Pronto. Você me ama de verdade?
_Sim. De verdade verdadeira. E acho que você também me ama.
_É, isso porque já te dei mil provas do meu amor.
_Isso eu posso garantir que sim. Me passa essa nota... não... a da direita... da sua direita.
_Aqui. Você confirma. É porque lembra de todas? Pode me dizer uma?
_Posso, peraí. Alô, oi, não, vai sim, pode enviar, não, não, pegue com o Rogério amanhã então e me envie, obrigado, tchau. Onde eu parei?
_Prova de amor.
_Ah! Sim. Olha, você já provou o vento porque ele move seus cabelos, a água por molhar sua boca, os alimentos o fogo e tudo mais que se possa sentir com o corpo.
_O que isso tem a ver?
_Tem a ver que das provas que você deu, que me vêm à memória, só as que eu senti com a alma te valeram, das outras eu nem me lembro.
_Poxa que lindo isso meu bem. Tá vendo, isso me parece uma prova de amor.
_E daquelas que sente a alma. Cadê meu celular? O Peixoto tá esperando minha ligação.
_Te amo viu.
_Viu, mas aqui... você poderia me deixar um pouquinho só pra eu terminar esse trabalho, saimos dentro de quarenta minutos pra jantar.
_Nossa, que grosso você é, me diz coisas lindas e depois nada.
_Osh! Quer ouvir mais uma coisa linda?
_Quero.
_Te amo muito, tanto que pretendo pagar a conta do restaurante.
_Tah me jogando isso na cara?! Pagar a conta não vale como prova de amor.
_Não vale mesmo, mas prova que eu tenho muito trabalho a fazer.