domingo, fevereiro 13, 2011

Agatha e Igor

_ Você pinta flores?

_ Eu não gosto de pintar.

_ O que você faz?

_ Eu desenho.

_ Hummm... você desenha flores?

_ Não.

_ Por que?

_ Porque eu gosto mais de desenhar gente comum, mulher nua, máquinas, cartoon...

_ A ta, mas e se eu te encomendar uma pintura de flores?

_ Bem, a um bom preço... sim eu pinto.

_ Você nem mesmo gosta de pintar, mas por dinheiro você pinta?

_ Até flores.

_ Você então está se vendendo.

_ É, é isso mesmo. Estou cobrando pela minha capacidade de representar. Coisa que você não tem.

_ Eu posso ter. Não sou diferente de você.

_ É sim. Se você soubesse fazer não teríamos essa conversa.

_ Se eu soubesse eu nunca iria me prostituir.

_ Nesse mundo, meu anjo, ou você vende e come, ou não vende e é comido.

_ Essa condição não te deprime?

_ Deprime, mas eu prefiro me deprimir de barriga cheia. Você não?

quinta-feira, fevereiro 03, 2011

Tropeço

Tropeço

by Mateus Marques on Wednesday, February 2, 2011 at 10:54am

Enquanto os olhos tocavam as curvilíneas formas daquela beldade eu mal podia pensar que, justo naquele instante ímpar de extrema contemplação, haveria um top...

Um tropeço que acabou me atirando a cabeça no poste metálico logo a frente. Imprevistos arquitetônicos. De um lado uma construção divinal da natureza, o supra-sumo bio-dinâmico, do outro a massa fria e sólida do caminho tortuoso.

Na memória uma excitação, um "AI!" envergonhado, um supercílio sangrando e um sorriso...

Tudo isso misturado com o impacto fez do poste a beldade, do sorriso o caminho, da dor o olhar, de mim um trapalhão...

De consciência refeita, segundos depois do impacto, ela estava lá, ainda magnífica e ainda sorrindo.

Bem, ela riu. Já é um começo.