terça-feira, abril 05, 2022

Gelo em queda

 …e como tens lábios feito imã, magnificados pela poesia doce-ácida-severa que vociferam, liberto meus mais rígidos e carnais métodos literários para dizer o quanto aprecio teus devaneios. Me ponho diante da intrigante vivacidade de tuas ideias como um espectador mais que excitado, não desejando menos que o deleite de sobrevoar com línguas e dentes o relevo orgânico de tua plaga, tentando perceber, nas “entrelinhas dos sonhos” mais aventurados, quantas vozes tivermos entre carnes e pautas em atrito, até que o sublime estado de ser bem lá de dentro se instale, donde não se usem mais os olhos para ler o que é, mesmo na mais absoluta e desejada cegueira, claramente visto: és tão incrivelmente atraente em tuas viagens e em tantos outros dos teus sentidos, que quero devorar-te literalmente tudo, como quem se apaixona por um bom livro.