quarta-feira, outubro 10, 2007

Na Língua Sentida

Correu na papelada e procurou as mais belas palavras para expressar o que era ela, como era vista no fundo de sua retina, por traz dela, na cabeça. Bem abaixo, no peito. A princípio pareceu fácil retomar na memória todo passado e retratá-la em palavras, dizer o que era bom ou mal. Mas não se podia dizer nada, a literatura nada continha para suprir sua necessidade de termos, estava além da língua escrita ou falada, num dialeto que não tem voz nem no pensamento, só acontece, indiferente à gramática. Era ela simplesmente, ou complexo.
Nenhuma palavra então foi dita, ficou o sentido e a saudade. Isso em si já bastava, era ela mesmo definida.
Entregou então um papel em branco e foi embora. Nele estava escrito em língua sentida: “ ”.

Um comentário:

Anônimo disse...

nem sei o q dizer...