Aos amigos sempre dizia querer viver mais mil anos, mas matou-se covardemente e pelas costas. Atirou-se do vigésimo quinto andar com a face virada para a lua. Era quinze de novembro. Um ciclista que passava caiu de sua bicicleta atordoado. Gritos exagerados de angústia, o susto era generalizado. Não soltou nem um último suspiro que tivesse testemunha. Não escreveu carta de despedida. Caiu em silêncio. Seu pai morrera dois anos antes de maneira misteriosa, com batom na boca. Ela estava seminua. A poucos metros de onde caiu havia uma bolsa aberta cheia de badulaques, maquiagens, telefone, cartões de crédito, um massageador portátil, pulseiras, um relógio e um número de telefone anotado em guardanapo que depois de alguns dias disseram ser de uma loja de jardinagem.
Mulher estranha aquela, não tinha namorado, quase não falava, mas fazia sempre questão de usar salto alto e vermelho, tinha belas pernas, cabelos loiros, tinha também duas faculdades, direito e pedagogia, falava alemão, dirigia um conversível, tinha uma casa na praia. Tudo tinha.
2 comentários:
Não perco o gosto por te ler...
Hahaha! Acabei de conhecer seu Blog!
Fodas os textos! Todos seus??
Cê é bom cara!
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