domingo, outubro 07, 2007

Marcos, silêncio

_Marcos, como você conseguiu?
_Consegui o quê Adelaide?
_Ficar assim calado, por esse tempo todo.
_Olha, fácil não foi, mas te digo que quando tenho que escolher entre falar merda e ficar calado, calar sempre é minha opção.
_Quanta merda. E é você mesmo quem julga o que é merda ou não na sua fala?
_É.
_Hum, você podia pensar melhor nisso, afinal você pode não ser tão bom como crítico.
_E quem você acha que seria bom o bastante?
_Não sei, um amigo talvez, daqueles que você aprecia as idéias.
_É, poderia ser. Poderia ser você, não poderia? Sempre que tenho vontade de falar você me escuta.
_Pois é, mas não sei se consigo.
_Apesar de gostar das suas idéias jamais cobrei de você uma crítica. Contudo você nunca passou do eu gosto, ou, essa é para mim, ou, cuidado com o que você diz, faz, sente.
_Não é crítico o bastante para você?
_Acho que não. A muito tenho evitado dizer coisas relevantes a você, até por isso.
_Por acaso eu não sou digna de criticar-te?
_Digna de criticar-me sim, você tem sido, mas de um amigo como você não me bastam as críticas, queria mesmo apoio.
_Apoio para suas falas, não é possível, pois se elas nascem da sua cabeça e fluem na sua boca, depois de saída delas suas idéias não podem ser filtradas e refaladas.
_Tudo que lhe disse até hoje Adelaide não precisava de filtros ou críticas, precisava mesmo é de reações.
_E eu as tive de acordo com minhas inquietações, você não manipula com palavras.
_Isso foi uma crítica.
_Não, para mim foi mais uma reação!
_Perdoe-me Adelaide, mas tenho tido medo da crítica, tanto quanto das reações e já não consigo distiguí-las.
_Então medo é a causa do seu silêncio.
_A muito tem sido uma merda a causa do meu silêncio.

Um comentário:

Marina Mah disse...

;-)

entendo o silêncio de Marcos...rs