_Soltei aquele passarinho que meu tio deixou.
_Haha. Ontém?
_É, eram umas oito da noite quando o fiz.
_Era que passarinho mesmo?
_Um canário belga. Tadinho né, passou a vida inteira na gaiola cantando.
_É?
_É, meu tio comprou ele ainda filhote no mercado central.
_Vish, então eu acho que você não fez muito bem.
_Por que? Você acha que eu deveria mantê-lo preso?
_Não. Acho que você deveria tê-lo matado, sem dor é claro.
_Credo, preferi deixá-lo livre.
_Sei, na mata, tocando em bar e ganhando a vida.
_Ah! Ele pode voar né.
_E você viu ele voando?
_Não, soltei ele num arbusto e fui embora.
_Legal, se você não salvou o passarinho ao menos matou a fome de um gato.
_Será... Ah! Eu gosto de gatos.