sexta-feira, dezembro 28, 2007
Tacho de amigos
É feita de amigos a calda caramelada da vida, em um tacho grande que me alimenta a diabetes. Me importa que tal vício me leva a fatídica sorte, pois sei bem que de tal melado quem come tem fim fraterno até com a morte.
quarta-feira, dezembro 12, 2007
Graça
Afoguei-me nas tuas graças
E de graça estive servido
E agora o que me fartava
A distância tem consumido,
Mas antes sentir saudade
Que de ti não ter sabido.
E de graça estive servido
E agora o que me fartava
A distância tem consumido,
Mas antes sentir saudade
Que de ti não ter sabido.
quinta-feira, novembro 22, 2007
sem reflexo
Ví o reflexo,
ele mesmo não era eu. Pareceu ser
como se fosse, mas não era ele, era eu. Pôs o dedo
no nariz,
dedo dele, nariz meu. Piscou ele
e eu não ví.
Ele falou, eu não ouvi. Não era ele, pois era eu.
Ele partiu
e eu aqui.
sexta-feira, outubro 26, 2007
tintim por tintim
há de me tomar
e todo meu gim | tintim por tintim
em cada brindar | há de me cobrar
tudo que prometi | tintim por tintim
sem nada faltar | ei de requerer
tintim por tintim
um pedacinho seu
até você me dar.
quinta-feira, outubro 25, 2007
Lúcia e Sorvete
_Mãe, a Lúcia me disse que me ama e me deu o sorvete dela.
_Que bom meu filho, foi na escola?
_Foi, o que é "ama"?
_É quando alguém gosta muito de você.
_Igual eu gosto muito de sorvete?
_Mais ou menos igual, mas mais ainda.
_Mais?
_É. Pega a tesoura pra mamãe.
_Toma. Hum, então a Lúcia gosta mais de mim que de sorvete?
_Sim meu filho, igual a mamãe e o papai. Agente gosta de você mais que de sorvete.
_É, mas sorvete é mais gostoso, não é mãe?
_Para mim você é mais gostoso que sorvete.
_Então pra Lúcia também né mãe?
_Aí eu não sei filho...
_Mas você disse que é mais...
_Deve ser meu filho, pega a caixa de agulhas pra mamãe pega.
_Toma.
_Obrigado.
_Mãe...
_Oi...
_Se a Lúcia me der o sorvete dela então quer dizer que ela gosta muito de mim?
_Pode ser meu filho, se ela gosta muito de você a ponto de te dar algo de que ela goste muito, pode ser que ela ame você.
_E você mãe, gosta muito de sorvete?
_Gosto sim meu filho.
_E de mim mais que de sorvete?
_É claro meu filho.
_Então mãe, me dá um sorvete?
_Não.
_Ah não mãe... só um...
_Não, vê se isso é hora!
_Se eu pedisse pra Lúcia ela me dava...
_Talvez, por quê você não pede a ela?
_Amanhã eu vou pedir e ela vai me dar.
_Então peça.
_Mãe eu gosto mais da Lúcia que de você.
_Quê isso meu filho? A mamãe te ama tanto.
_Mas nunca me dá sorvete.
_Que bom meu filho, foi na escola?
_Foi, o que é "ama"?
_É quando alguém gosta muito de você.
_Igual eu gosto muito de sorvete?
_Mais ou menos igual, mas mais ainda.
_Mais?
_É. Pega a tesoura pra mamãe.
_Toma. Hum, então a Lúcia gosta mais de mim que de sorvete?
_Sim meu filho, igual a mamãe e o papai. Agente gosta de você mais que de sorvete.
_É, mas sorvete é mais gostoso, não é mãe?
_Para mim você é mais gostoso que sorvete.
_Então pra Lúcia também né mãe?
_Aí eu não sei filho...
_Mas você disse que é mais...
_Deve ser meu filho, pega a caixa de agulhas pra mamãe pega.
_Toma.
_Obrigado.
_Mãe...
_Oi...
_Se a Lúcia me der o sorvete dela então quer dizer que ela gosta muito de mim?
_Pode ser meu filho, se ela gosta muito de você a ponto de te dar algo de que ela goste muito, pode ser que ela ame você.
_E você mãe, gosta muito de sorvete?
_Gosto sim meu filho.
_E de mim mais que de sorvete?
_É claro meu filho.
_Então mãe, me dá um sorvete?
_Não.
_Ah não mãe... só um...
_Não, vê se isso é hora!
_Se eu pedisse pra Lúcia ela me dava...
_Talvez, por quê você não pede a ela?
_Amanhã eu vou pedir e ela vai me dar.
_Então peça.
_Mãe eu gosto mais da Lúcia que de você.
_Quê isso meu filho? A mamãe te ama tanto.
_Mas nunca me dá sorvete.
domingo, outubro 14, 2007
Uma e trinta e um
Tocou o telefone na insônia, Uma e trinta e um.
Era alguém que não se deixa esquecer
Pedindo para não ser esquecido,
Embreagado, me embreagando,
me enciumando à distancia.
Puto publiquei isto, desliguei tudo e fui dormir!
Era alguém que não se deixa esquecer
Pedindo para não ser esquecido,
Embreagado, me embreagando,
me enciumando à distancia.
Puto publiquei isto, desliguei tudo e fui dormir!
quarta-feira, outubro 10, 2007
Tudo Tinha
Aos amigos sempre dizia querer viver mais mil anos, mas matou-se covardemente e pelas costas. Atirou-se do vigésimo quinto andar com a face virada para a lua. Era quinze de novembro. Um ciclista que passava caiu de sua bicicleta atordoado. Gritos exagerados de angústia, o susto era generalizado. Não soltou nem um último suspiro que tivesse testemunha. Não escreveu carta de despedida. Caiu em silêncio. Seu pai morrera dois anos antes de maneira misteriosa, com batom na boca. Ela estava seminua. A poucos metros de onde caiu havia uma bolsa aberta cheia de badulaques, maquiagens, telefone, cartões de crédito, um massageador portátil, pulseiras, um relógio e um número de telefone anotado em guardanapo que depois de alguns dias disseram ser de uma loja de jardinagem.
Mulher estranha aquela, não tinha namorado, quase não falava, mas fazia sempre questão de usar salto alto e vermelho, tinha belas pernas, cabelos loiros, tinha também duas faculdades, direito e pedagogia, falava alemão, dirigia um conversível, tinha uma casa na praia. Tudo tinha.
Mulher estranha aquela, não tinha namorado, quase não falava, mas fazia sempre questão de usar salto alto e vermelho, tinha belas pernas, cabelos loiros, tinha também duas faculdades, direito e pedagogia, falava alemão, dirigia um conversível, tinha uma casa na praia. Tudo tinha.
Na Língua Sentida
Correu na papelada e procurou as mais belas palavras para expressar o que era ela, como era vista no fundo de sua retina, por traz dela, na cabeça. Bem abaixo, no peito. A princípio pareceu fácil retomar na memória todo passado e retratá-la em palavras, dizer o que era bom ou mal. Mas não se podia dizer nada, a literatura nada continha para suprir sua necessidade de termos, estava além da língua escrita ou falada, num dialeto que não tem voz nem no pensamento, só acontece, livremente de regra gramática. Era ela simplesmente, ou complexo.
Nenhuma palavra então foi dita, ficou o sentido e a saudade. Isso em si já bastava, era ela mesmo definida.
Entregou então um papel em branco e foi embora. Nele estava escrito em língua sentida: “ ”.
Nenhuma palavra então foi dita, ficou o sentido e a saudade. Isso em si já bastava, era ela mesmo definida.
Entregou então um papel em branco e foi embora. Nele estava escrito em língua sentida: “ ”.
Adriano e Ariane
_Adriano! Adriano!... Que merda Adriano!!!
_Que é porra!?
_Abaixa esse volume aí, eu tô tentando ler.
_O quê?
_Abaixa o volume caralho!
_Ah! Vc tah ouvindo?
_Não precisa gritar... Pra quê você comprou esses fones de ouvido? Pra ficar surdo?
_Desculpa mana, nem percebi que tava tão alto.
_Você já está surdo!
...
_Adriano! Para de bater o pé por favor.
_Que pé?
_Esse que tem na ponta da sua perna!
_Ei, peraí, não precisa me bater...
_Por que você não vai escutar música no seu quarto?
_Porque eu tô esperando a lasanha sair do forno!
_Eu tiro ela pra você, vai lá pro seu quarto vai.
_Tá bom! Ta bom!
...
_Adriano! A lasanha!
...
_Tá pronta?
_Eu acho que queimou um pouco.
_Caramba Ariane, você disse que ia olhar pra mim!
_Poxa, eu tô lendo né!
_E porque você não lê no seu quarto?
_A luz é ruim.
_E agora, por isso, eu como lasanha queimada... nem quero saber,vou comer a sua, pode ficar com essa!
_Tira a mão... eu não quero comer lasanha, muito menos queimada!
_A é né, eu conto pra mãe que você deixou ela queimar e agente vê...
_Que isso aqui? Vocês estão brigando?
_A Ariane mãe, não me deixou ficar aqui e nem olhou a lasanha!
_Hummm! Nada disso mãe, ele é que fica ouvindo esse negócio na maior...
_Ih! Não quero nem saber. Vocês resolvam isso antes que eu pegue os dois!
_Mas mãe!
_Nada de “mas”, vou ao mercado alguém quer alguma coisa?
_Eu quero, uma lasanha!
_Nada de lasanha! Ariane?
_Meu shampoo acabou.
_Tá bom, tchau e comportem-se!
...
_Adriano! Você não se toca mesmo né!!!
_Que que foi agora ô vaca!?
_Você é que é uma vaca, precisa mastigar de boca aberta?!?
_Poxa Ariane, você é mesmo chata hein!
_Olha, eu só quero ler este livro, dá um tempinho pra sua irmã vai.
_E o que você está lendo?
_É um livro da faculdade, História da Nutrição.
_Ahmmm... tá... quer um pouquinho?
_Me dá aí!
_Que é porra!?
_Abaixa esse volume aí, eu tô tentando ler.
_O quê?
_Abaixa o volume caralho!
_Ah! Vc tah ouvindo?
_Não precisa gritar... Pra quê você comprou esses fones de ouvido? Pra ficar surdo?
_Desculpa mana, nem percebi que tava tão alto.
_Você já está surdo!
...
_Adriano! Para de bater o pé por favor.
_Que pé?
_Esse que tem na ponta da sua perna!
_Ei, peraí, não precisa me bater...
_Por que você não vai escutar música no seu quarto?
_Porque eu tô esperando a lasanha sair do forno!
_Eu tiro ela pra você, vai lá pro seu quarto vai.
_Tá bom! Ta bom!
...
_Adriano! A lasanha!
...
_Tá pronta?
_Eu acho que queimou um pouco.
_Caramba Ariane, você disse que ia olhar pra mim!
_Poxa, eu tô lendo né!
_E porque você não lê no seu quarto?
_A luz é ruim.
_E agora, por isso, eu como lasanha queimada... nem quero saber,vou comer a sua, pode ficar com essa!
_Tira a mão... eu não quero comer lasanha, muito menos queimada!
_A é né, eu conto pra mãe que você deixou ela queimar e agente vê...
_Que isso aqui? Vocês estão brigando?
_A Ariane mãe, não me deixou ficar aqui e nem olhou a lasanha!
_Hummm! Nada disso mãe, ele é que fica ouvindo esse negócio na maior...
_Ih! Não quero nem saber. Vocês resolvam isso antes que eu pegue os dois!
_Mas mãe!
_Nada de “mas”, vou ao mercado alguém quer alguma coisa?
_Eu quero, uma lasanha!
_Nada de lasanha! Ariane?
_Meu shampoo acabou.
_Tá bom, tchau e comportem-se!
...
_Adriano! Você não se toca mesmo né!!!
_Que que foi agora ô vaca!?
_Você é que é uma vaca, precisa mastigar de boca aberta?!?
_Poxa Ariane, você é mesmo chata hein!
_Olha, eu só quero ler este livro, dá um tempinho pra sua irmã vai.
_E o que você está lendo?
_É um livro da faculdade, História da Nutrição.
_Ahmmm... tá... quer um pouquinho?
_Me dá aí!
segunda-feira, outubro 08, 2007
Qüinquagésima Nona Semana
Primeiro dia de campanha, todos empolgados correndo campos abertos entre matas fechadas. A única saudade no peito era dos dias de treinamento, onde podiam a vontade atirar em alvo inanimado. Agora todo alvo era também um peito armado.
Na terceira semana, ainda todos unidos, tanto sucesso e nenhuma baixa aliada traziam o gozo da vitória e brotava na memória os dias de folga e farra do acampamento. Agora só havia o descalçar das botas úmidas e as cartas sujas aos entes queridos, azes e valetes. Gripe.
Oitava semana. Duas baixas aliadas, o cara do rádio e um morteiro, grandes amigos que àquela altura já eram irmãos, agora irmãos de sangue, muito sangue. Correr pelos campos tinha um novo significado, o apertar de gatilhos teve um gosto doce durante muitas investidas até a décima segunda semana.
A décima segunda semana foi o acúmulo de tantas doces vinganças que se fizera bile, amarga como o vômito ácido a tornar ásperos os dentes. Ranger de dentes na madrugada. Dormir não servia de mais nada.
Vigésima primeira semana. Agora sim era a guerra de verdade, nas idéias chiadas que aconteciam no confronto dos fogos variados, tantas baixas de inimigos e aliados agora já nem tinham gosto. A saudade a muito era de casa, de mãe, mulher, filhos e amigos.
No fim da trigésima semana vinte baixas eram contadas. Muitos já não conseguiam mais atirar, mas atiravam, mecanizados pela vontade de sobreviver no subviver daquela batalha. Barba por fazer, noites sem dormir, dias sem comer.
Na primeira noite da quadragésima sexta semana aquela coragem da primeira se tornara tara dos que já não mais a tinham, esses se escondiam por traz dos mais resistentes a mandar bala para o outro lado, até que de repente, ora ou outra, passava voando uma perna, do joelho para baixo. Todos ali eram cientes agentes funerários prestando serviço a si mesmos.
Hoje, na alvorada da qüinquagésima nona semana, surgiu entre raios de sol o som das hélices farfalhando folhas chão afora. Metade da tropa se fora embora e o que poderia ser a retirada é a nova chegada. Um capitão, sargentos e muitos soldados, todos armados, empolgados, um grupo de recém treinados, recém coitados. Alimentos, bebidas, drogas estimulantes e uma vontade louca de enforcar os comandantes tomam o pelotão que a quilômetros vem deixando como rastro mil corpos no chão.
Deixo em meu leito raso fundado no pó da terra, onde muitos se puseram ao pesadelo das noites na guerra, a cruz e medalha que de nada me valeram.
Na terceira semana, ainda todos unidos, tanto sucesso e nenhuma baixa aliada traziam o gozo da vitória e brotava na memória os dias de folga e farra do acampamento. Agora só havia o descalçar das botas úmidas e as cartas sujas aos entes queridos, azes e valetes. Gripe.
Oitava semana. Duas baixas aliadas, o cara do rádio e um morteiro, grandes amigos que àquela altura já eram irmãos, agora irmãos de sangue, muito sangue. Correr pelos campos tinha um novo significado, o apertar de gatilhos teve um gosto doce durante muitas investidas até a décima segunda semana.
A décima segunda semana foi o acúmulo de tantas doces vinganças que se fizera bile, amarga como o vômito ácido a tornar ásperos os dentes. Ranger de dentes na madrugada. Dormir não servia de mais nada.
Vigésima primeira semana. Agora sim era a guerra de verdade, nas idéias chiadas que aconteciam no confronto dos fogos variados, tantas baixas de inimigos e aliados agora já nem tinham gosto. A saudade a muito era de casa, de mãe, mulher, filhos e amigos.
No fim da trigésima semana vinte baixas eram contadas. Muitos já não conseguiam mais atirar, mas atiravam, mecanizados pela vontade de sobreviver no subviver daquela batalha. Barba por fazer, noites sem dormir, dias sem comer.
Na primeira noite da quadragésima sexta semana aquela coragem da primeira se tornara tara dos que já não mais a tinham, esses se escondiam por traz dos mais resistentes a mandar bala para o outro lado, até que de repente, ora ou outra, passava voando uma perna, do joelho para baixo. Todos ali eram cientes agentes funerários prestando serviço a si mesmos.
Hoje, na alvorada da qüinquagésima nona semana, surgiu entre raios de sol o som das hélices farfalhando folhas chão afora. Metade da tropa se fora embora e o que poderia ser a retirada é a nova chegada. Um capitão, sargentos e muitos soldados, todos armados, empolgados, um grupo de recém treinados, recém coitados. Alimentos, bebidas, drogas estimulantes e uma vontade louca de enforcar os comandantes tomam o pelotão que a quilômetros vem deixando como rastro mil corpos no chão.
Deixo em meu leito raso fundado no pó da terra, onde muitos se puseram ao pesadelo das noites na guerra, a cruz e medalha que de nada me valeram.
domingo, outubro 07, 2007
Marcos, silêncio
_Marcos, como você conseguiu?
_Consegui o quê Adelaide?
_Ficar assim calado, por esse tempo todo.
_Olha, fácil não foi, mas te digo que quando tenho que escolher entre falar merda e ficar calado, calar sempre é minha opção.
_Quanta merda. E é você mesmo quem julga o que é merda ou não na sua fala?
_É.
_Hum, você podia pensar melhor nisso, afinal você pode não ser tão bom como crítico.
_E quem você acha que seria bom o bastante?
_Não sei, um amigo talvez, daqueles que você aprecia as idéias.
_É, poderia ser. Poderia ser você, não poderia? Sempre que tenho vontade de falar você me escuta.
_Pois é, mas não sei se consigo.
_Apesar de gostar das suas idéias jamais cobrei de você uma crítica. Contudo você nunca passou do eu gosto, ou, essa é para mim, ou, cuidado com o que você diz, faz, sente.
_Não é crítico o bastante para você?
_Acho que não. A muito tenho evitado dizer coisas relevantes a você, até por isso.
_Por acaso eu não sou digna de criticar-te?
_Digna de criticar-me sim, você tem sido, mas de um amigo como você não me bastam as críticas, queria mesmo apoio.
_Apoio para suas falas, não é possível, pois se elas nascem da sua cabeça e fluem na sua boca, depois de saída delas suas idéias não podem ser filtradas e refaladas.
_Tudo que lhe disse até hoje Adelaide não precisava de filtros ou críticas, precisava mesmo é de reações.
_E eu as tive de acordo com minhas inquietações, você não manipula com palavras.
_Isso foi uma crítica.
_Não, para mim foi mais uma reação!
_Perdoe-me Adelaide, mas tenho tido medo da crítica, tanto quanto das reações e já não consigo distiguí-las.
_Então medo é a causa do seu silêncio.
_A muito tem sido uma merda a causa do meu silêncio.
_Consegui o quê Adelaide?
_Ficar assim calado, por esse tempo todo.
_Olha, fácil não foi, mas te digo que quando tenho que escolher entre falar merda e ficar calado, calar sempre é minha opção.
_Quanta merda. E é você mesmo quem julga o que é merda ou não na sua fala?
_É.
_Hum, você podia pensar melhor nisso, afinal você pode não ser tão bom como crítico.
_E quem você acha que seria bom o bastante?
_Não sei, um amigo talvez, daqueles que você aprecia as idéias.
_É, poderia ser. Poderia ser você, não poderia? Sempre que tenho vontade de falar você me escuta.
_Pois é, mas não sei se consigo.
_Apesar de gostar das suas idéias jamais cobrei de você uma crítica. Contudo você nunca passou do eu gosto, ou, essa é para mim, ou, cuidado com o que você diz, faz, sente.
_Não é crítico o bastante para você?
_Acho que não. A muito tenho evitado dizer coisas relevantes a você, até por isso.
_Por acaso eu não sou digna de criticar-te?
_Digna de criticar-me sim, você tem sido, mas de um amigo como você não me bastam as críticas, queria mesmo apoio.
_Apoio para suas falas, não é possível, pois se elas nascem da sua cabeça e fluem na sua boca, depois de saída delas suas idéias não podem ser filtradas e refaladas.
_Tudo que lhe disse até hoje Adelaide não precisava de filtros ou críticas, precisava mesmo é de reações.
_E eu as tive de acordo com minhas inquietações, você não manipula com palavras.
_Isso foi uma crítica.
_Não, para mim foi mais uma reação!
_Perdoe-me Adelaide, mas tenho tido medo da crítica, tanto quanto das reações e já não consigo distiguí-las.
_Então medo é a causa do seu silêncio.
_A muito tem sido uma merda a causa do meu silêncio.
segunda-feira, setembro 24, 2007
sexta-feira, agosto 24, 2007
Re-Lembro
Penso agora naqueles dias, num curto período de tempo entre a idéia, o texto e o ato. Sabia que me voltariam as tais lembranças. Ver as fotos ainda dói um tanto chato. Atormenta o quão avulso agora vejo. Eram bons aqueles tempos, coqueiros ao vento, paisagem e abraços.
domingo, agosto 19, 2007
Pula Adelaide
_Pula Adelaide.
_Tô com medo.
_Medo de que? Lá embaixo só tem água e está tão quente esse verão, você não queria nadar?
_É que a água é tão escura, parece que não tem fundo.
_É o fundo da lagoa Adelaide, as pedras são mesmo escuras lá. Pula!
_Não, eu nem trouxe meu maiô.
_Pula nua então. Só tem agente aqui, quem vai ver?
_Ora quem? Você!
_Bem, eu vou pular nu mesmo, eu não trouxe roupa de banho também.
_Não, eu não quero ver você nu... pode parar com isso.
_Então não olhe Adelaide.
_Eu vou embora então.
_Ora! Pode ir, ta com medo da água e com vergonha de mim. Eu não tenho vergonha de você não, quer ver.
_Não faz isso Kalil, não... Kalil...
_Agora é só pular.
_Você está nu! Creeedo!
_Uruuuuuuuuuuuuuuuuu... Ahahahahahha... demais! A água está uma delícia Adelaide, você não sabe o que está perdendo, vem!
_Não sei...
...
_Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaa...
_Que é isso Adelaide?! Você pulou!?
_Pulei... foi demais, parece que agente está voando.
_É mesmo, e a água? Não está boa?
_Uma delícia, obrigado por me trazer aqui.
_Não há de quê.
_Como se chama essa lagoa?
_O povo daqui chama de Poço dos Patos, mas nunca vi nenhum aqui!
_Será que mais gente vem pra cá?
_Eu venho sempre e quase nunca encontro gente da cidade; volta e meia tem os índios.
_Aqui tem índio?
_Tem, eles se lavam aqui quando estão de passagem.
_E se um índio aparecer agora? Ele vai ver agente nu.
_E o quê que tem? Eles também nadam nus.
_Não, espera aí, não vai me deixar aqui sozinha.
_Mas eu vou voltar.
_Não, e se eu me afogar?
_Calma eu só vou pular de novo. Você sabe nadar, não vai se afogar.
_Sei lá... uma câimbra, hipotermia, congestão, um índio... nunca se sabe.
_Poxa Adelaide, você é bem medrosa mesmo, vamos pular juntos então?!?
_Não, vamos fazer o seguinte, eu vou pular primeiro, mas você não pode olhar.
_Olhar o que mulher?
_Me olhar, estou nua não vê?!?
_Vejo, mas o que tem isso? Eu também estou.
_Tenho medo de me mostrar assim, nua.
_Olha Adelaide, quer saber... nadar com você não tem graça!
_Tô com medo.
_Medo de que? Lá embaixo só tem água e está tão quente esse verão, você não queria nadar?
_É que a água é tão escura, parece que não tem fundo.
_É o fundo da lagoa Adelaide, as pedras são mesmo escuras lá. Pula!
_Não, eu nem trouxe meu maiô.
_Pula nua então. Só tem agente aqui, quem vai ver?
_Ora quem? Você!
_Bem, eu vou pular nu mesmo, eu não trouxe roupa de banho também.
_Não, eu não quero ver você nu... pode parar com isso.
_Então não olhe Adelaide.
_Eu vou embora então.
_Ora! Pode ir, ta com medo da água e com vergonha de mim. Eu não tenho vergonha de você não, quer ver.
_Não faz isso Kalil, não... Kalil...
_Agora é só pular.
_Você está nu! Creeedo!
_Uruuuuuuuuuuuuuuuuu... Ahahahahahha... demais! A água está uma delícia Adelaide, você não sabe o que está perdendo, vem!
_Não sei...
...
_Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaa...
_Que é isso Adelaide?! Você pulou!?
_Pulei... foi demais, parece que agente está voando.
_É mesmo, e a água? Não está boa?
_Uma delícia, obrigado por me trazer aqui.
_Não há de quê.
_Como se chama essa lagoa?
_O povo daqui chama de Poço dos Patos, mas nunca vi nenhum aqui!
_Será que mais gente vem pra cá?
_Eu venho sempre e quase nunca encontro gente da cidade; volta e meia tem os índios.
_Aqui tem índio?
_Tem, eles se lavam aqui quando estão de passagem.
_E se um índio aparecer agora? Ele vai ver agente nu.
_E o quê que tem? Eles também nadam nus.
_Não, espera aí, não vai me deixar aqui sozinha.
_Mas eu vou voltar.
_Não, e se eu me afogar?
_Calma eu só vou pular de novo. Você sabe nadar, não vai se afogar.
_Sei lá... uma câimbra, hipotermia, congestão, um índio... nunca se sabe.
_Poxa Adelaide, você é bem medrosa mesmo, vamos pular juntos então?!?
_Não, vamos fazer o seguinte, eu vou pular primeiro, mas você não pode olhar.
_Olhar o que mulher?
_Me olhar, estou nua não vê?!?
_Vejo, mas o que tem isso? Eu também estou.
_Tenho medo de me mostrar assim, nua.
_Olha Adelaide, quer saber... nadar com você não tem graça!
terça-feira, julho 10, 2007
Eles
Entrou de repente e sentou-se na mesa da sala, sobre a mesa mesmo, em cima de um garfo que tirou rapidamente do traseiro, derrubou um copo e as frutas da gamela. Bochechas rosadas e mil desculpas.
Depois de muito ouvir começou a falar baixinho, pra fazer chegar mais perto, cada vez mais baixo, cada vez mais perto. Dizia coisas do passado. Entre experiências profissionais, hora ou outra, surgiam amores, dois ou três amores vividos. Falou também de um tal futuro à espera, ainda no forno e “quem me dera isso e aquilo e aquilo outro”.
Estava bem perto. Dada hora suas mãos alcançaram peito, ombros e enfim costas. Quase silêncio. Envolvido e protegido, lacrado, selado. Simbiose.
Pouco depois falava tão baixo que os ouvidos estavam dentro da boca, por isso as palavras eram estalos de lábios e ranger de dentes entre úmidas línguas sobre a pele do pescoço. Sonora sopa de letrinhas. Tão silenciosa. Arrepios.
O aroma perfumado dos cabelos, que se enrolaram na boca e nos brincos, tomava fugas as narinas entorpecidas, surdas e cegas narinas. Por outro lado os olhos fechados podiam imaginar só o conjunto de dois corpos no pequeno universo obscuro da sala de jantar.
Até que então estavam os dois de alma nua, falando cada vez mais baixinho, mais pertinho...
Depois de muito ouvir começou a falar baixinho, pra fazer chegar mais perto, cada vez mais baixo, cada vez mais perto. Dizia coisas do passado. Entre experiências profissionais, hora ou outra, surgiam amores, dois ou três amores vividos. Falou também de um tal futuro à espera, ainda no forno e “quem me dera isso e aquilo e aquilo outro”.
Estava bem perto. Dada hora suas mãos alcançaram peito, ombros e enfim costas. Quase silêncio. Envolvido e protegido, lacrado, selado. Simbiose.
Pouco depois falava tão baixo que os ouvidos estavam dentro da boca, por isso as palavras eram estalos de lábios e ranger de dentes entre úmidas línguas sobre a pele do pescoço. Sonora sopa de letrinhas. Tão silenciosa. Arrepios.
O aroma perfumado dos cabelos, que se enrolaram na boca e nos brincos, tomava fugas as narinas entorpecidas, surdas e cegas narinas. Por outro lado os olhos fechados podiam imaginar só o conjunto de dois corpos no pequeno universo obscuro da sala de jantar.
Até que então estavam os dois de alma nua, falando cada vez mais baixinho, mais pertinho...
segunda-feira, junho 25, 2007
Efêmero
Lá vinha, mulher e família, logo a frente de cabeça baixa, podia-se ver o laço de fita, sobrancelhas e sílios, a ponta do nariz e o lábio superior. Ela partia. A criança que a acompanhava abrira o portão, ela, de cabeça baixa, passava. Já a pouca distância seus cabelos pretos e mediana estatura moviam os olhos por curvas sinuosas. A via de costas. Um mísero instante era suficiente, como foi. Virou-se por segundos, uma eternidade platônica, a imagem vítrea de seu olhar a emanar a alma radiante, um pequeno sorriso, beócio, sentiu-se um doce na boca, arrepio. Olhara para traz, olhara nos olhos, e seguiu seu caminho.
quarta-feira, junho 20, 2007
Inútil
Teve as asas cortadas
E perdeu a paciência.
Por não saber de nada
Lidou com a discrepância.
Agora só de fachada
Canta sua indolência.
Mas cala-se nesta toada
Ao ver que sua mais adorada
Cantiga é a contingência.
E perdeu a paciência.
Por não saber de nada
Lidou com a discrepância.
Agora só de fachada
Canta sua indolência.
Mas cala-se nesta toada
Ao ver que sua mais adorada
Cantiga é a contingência.
quinta-feira, junho 14, 2007
O Outro
Sinônimo de outrem,
Talvez alguém diferente,
Talvez o avesso da gente,
O contrário, o agressor.
Soa dentro da mente
E sai poetando corrente
Entre loucura, cultura,
ódio e amor.
Talvez alguém diferente,
Talvez o avesso da gente,
O contrário, o agressor.
Soa dentro da mente
E sai poetando corrente
Entre loucura, cultura,
ódio e amor.
Um querer de dois
Dois no mesmo ato
Teu cântico entoa,
Um verbo plural
Na primeira pessoa
Soa em uníssono
Mais que o podemos,
Visto que um querer,
de dois, é queremos.
Teu cântico entoa,
Um verbo plural
Na primeira pessoa
Soa em uníssono
Mais que o podemos,
Visto que um querer,
de dois, é queremos.
Brasil S.A.
Pobre estado,
Escravo do mundo civil.
A meu mundo sem rumo
és bem, mãe gentil.
A meus filhos, préstimo,
Empréstimo e fome servil.
Tudo és Pátria Amada S.A.
_Brasil!
Escravo do mundo civil.
A meu mundo sem rumo
és bem, mãe gentil.
A meus filhos, préstimo,
Empréstimo e fome servil.
Tudo és Pátria Amada S.A.
_Brasil!
Boa Noite
Consumo assim minhas noites
Aceso em profundo sono
Sem dor ou calafrio,
Sem caos, livre, sem dono.
Sonhando tenho asas invisíveis
Que me elevam ao infinito
Posto em minha alma
Sem eco de nenhum grito
Durmo assim que minha mente,
À vista de velhas paisagens
Brote de flores e cactos
Arco-íris de boa viagem
Penso até quando
Posso estar voando,
Estar viajando,
Sonhando,
Sonhando,
Sonha...Soooooonha
Aceso em profundo sono
Sem dor ou calafrio,
Sem caos, livre, sem dono.
Sonhando tenho asas invisíveis
Que me elevam ao infinito
Posto em minha alma
Sem eco de nenhum grito
Durmo assim que minha mente,
À vista de velhas paisagens
Brote de flores e cactos
Arco-íris de boa viagem
Penso até quando
Posso estar voando,
Estar viajando,
Sonhando,
Sonhando,
Sonha...Soooooonha
quinta-feira, maio 31, 2007
As Paixões
quarta-feira, abril 18, 2007
Francesca Rimini
Disse a quem quer que ouvisse
tal dama italiana,
que de Dante tomou a comédia,
que sua mais dolosa tragédia
fora o fôrro de sua paixão,
fora então do varão Malatesta,
seu próximo querer,
queria por querer,
autocomiseração,
do próprio músculo cardíaco,
de seu romance paralelo
compulsivo e maníaco.
tal dama italiana,
que de Dante tomou a comédia,
que sua mais dolosa tragédia
fora o fôrro de sua paixão,
fora então do varão Malatesta,
seu próximo querer,
queria por querer,
autocomiseração,
do próprio músculo cardíaco,
de seu romance paralelo
compulsivo e maníaco.
quinta-feira, abril 12, 2007
A Velha Inveja, o Novo
Graça, viúva açogueira,
Juntou-se com Jonas da feira
Pra vender melões recheados
De carnes tiradas do bucho
Da caça de alguns veados.
Disse Marta, a vizinha,
E tudo disse sozinha,
Que aquela nova iguaria,
Falou-se na sacristia,
Do diabo era heresia.
Fez-se um rebu do escambal
Por esta que até passou mal
Em pensar que sua mercearia
Muito cliente perdia
Praquela tal feitoria.
Marta na rua gritava,
Sua inveja já não se agüentava:
_Não comam desse feitiço!
Que vendo barato por isso
O mais gostoso chouriço!
Mas Graça muito ardilosa
E Jonas também todo prosa
Vendiam melões trabalhados,
Faziam a boa cozinha
Ora Cozidos, ora assados.
Num domingo corriqueiro,
Feito à pimenta de cheiro,
Chamaram o padre a um jantar.
Não sabendo como negar
Foi o mesmo experimentar.
_Deus! Como pode ser...
Disso eu nunca saber...
Dizia o padre satisfeito:
_Pois esse cozido é o jeito
Que se tem de comer direito.
Comeram daquilo o doutor,
O padeiro, o banqueiro, o pintor...
_Eita comida bem feita!
Com a língua assim satisfeita
Saiam pedindo a receita.
Refogue com manjericão
Alho, cebola e açafrão
Sal aplique com muito cuidado
O sabor do caldo é adoçado
Quando tudo estiver escaldado.
Faça tudo em fogo médio,
Faça arroz pra livrar-se do tédio,
E atente ao minuto marcado,
Vinte e cinco é suficiente
Pra não comer caldo queimado
Virou o invento notícia,
Veio gente até da Suíça
Pra aguçar o paladar.
Uns comiam até dormir
E pediam até pra levar
E Marta então revoltada,
Não mais que uma pobre coitada,
Com Graça foi reclamar.
De tanto ódio pungente
Não pôde nem argumentar.
Agora vê se pode,
A outra fazer tal pagode
Por pouco não mais vender.
São apenas os melões
E o bucho que há de conter.
Esqueceu Marta de certo
Que todo prato bem feito
Por muito é acompanhado,
Arroz, feijão, azeite
Bebidas e alho picado.
E tudo se encontra pertinho
Na venda de Marta,
Que está logo ao lado!
Juntou-se com Jonas da feira
Pra vender melões recheados
De carnes tiradas do bucho
Da caça de alguns veados.
Disse Marta, a vizinha,
E tudo disse sozinha,
Que aquela nova iguaria,
Falou-se na sacristia,
Do diabo era heresia.
Fez-se um rebu do escambal
Por esta que até passou mal
Em pensar que sua mercearia
Muito cliente perdia
Praquela tal feitoria.
Marta na rua gritava,
Sua inveja já não se agüentava:
_Não comam desse feitiço!
Que vendo barato por isso
O mais gostoso chouriço!
Mas Graça muito ardilosa
E Jonas também todo prosa
Vendiam melões trabalhados,
Faziam a boa cozinha
Ora Cozidos, ora assados.
Num domingo corriqueiro,
Feito à pimenta de cheiro,
Chamaram o padre a um jantar.
Não sabendo como negar
Foi o mesmo experimentar.
_Deus! Como pode ser...
Disso eu nunca saber...
Dizia o padre satisfeito:
_Pois esse cozido é o jeito
Que se tem de comer direito.
Comeram daquilo o doutor,
O padeiro, o banqueiro, o pintor...
_Eita comida bem feita!
Com a língua assim satisfeita
Saiam pedindo a receita.
Refogue com manjericão
Alho, cebola e açafrão
Sal aplique com muito cuidado
O sabor do caldo é adoçado
Quando tudo estiver escaldado.
Faça tudo em fogo médio,
Faça arroz pra livrar-se do tédio,
E atente ao minuto marcado,
Vinte e cinco é suficiente
Pra não comer caldo queimado
Virou o invento notícia,
Veio gente até da Suíça
Pra aguçar o paladar.
Uns comiam até dormir
E pediam até pra levar
E Marta então revoltada,
Não mais que uma pobre coitada,
Com Graça foi reclamar.
De tanto ódio pungente
Não pôde nem argumentar.
Agora vê se pode,
A outra fazer tal pagode
Por pouco não mais vender.
São apenas os melões
E o bucho que há de conter.
Esqueceu Marta de certo
Que todo prato bem feito
Por muito é acompanhado,
Arroz, feijão, azeite
Bebidas e alho picado.
E tudo se encontra pertinho
Na venda de Marta,
Que está logo ao lado!
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